terça-feira, 28 de setembro de 2010

ARRIEIRO

"Buuu, Buuu, Buuu ...  ...  vem aí o Arrieiro!"

Na Conceição de Faro, há alguns anos atrás, o Arrieiro era o vendedor de peixe que ia de porta em porta fazendo a sua venda ou seja, nem mais nem menos que o Almocreve que neste caso apenas se dedicava á venda de peixe.

O homem percorria uma grande distância desde que se abastecia na lota de Faro ou de Olhão, até á venda do peixe que era feita de forma ambulante, utilizando o burro, para transportar as canastras de peixe.

Mais tarde com o aparecimento das bicicletas, primeiro a pedal e depois a motor, passam a ser esses os meios de transporte que o Arrieiro utiliza.

Recordo alguns dos Arrieiros que pela sua longevidade, assiduidade e forma particular de fazer a venda, foram famosos na nossa freguesia, tais como: -o Joaquim Barras (Chebarrinho), o António Fitas, o Emilio, o Sareto, o Pinto (Marroco).

Um dos Arrieiros mais esforçado foi o Francisquinho Albardeiro que não possuia burro, nem tão pouco bicicleta e por isso fazia a sua venda a pé.
Não sei ao certo o tempo que andou nesta actividade, mas o facto é que percorria uma grande parte da freguesia a pé, com as canastras do peixe colocadas uma em cada ponta de uma vara que depois transportava ao ombro.

O peixe normalmente Carapau (charro) ou Sardinha era vendido á meia dúzia, dúzia, dúzia e meia, quarteirão,  meio cento ou um cento.

O peixe mais "grado" como o charro do alto ou liro e a cavala,  vendiam-se á unidade, um, dois ou mais de acordo com o desejo do comprador.

Para anunciar a sua presença o Arrieiro utilizava uma buzina feita da casca de um grande búzio ou uma corneta de metal que quer esta quer aquela produziam um som caracteristico e inconfundível.

Buuu! Buuu! Buuu! Toda a gente sabia, vem aí o Arrieiro!

E o homem lá chegava mais ou menos á hora habitual, ainda a tempo de comprarmos o peixe para o almoço.

No inverno, na falta de peixe fresco vendia-se peixe salgado. A sardinha amarela, assim chamada por adquirir essa cor com o tempo de "salga".
Também se vendia, berbigão, ameijoa e conquilha.

Estes usos foram mantidos ao longo dos tempos, embora com as necessárias adaptações a cada época, passando o peixe a ser vendido a peso, com mais escolha nas espécies comercializadas. Também as velhas bicicletas a pedal ou a motor, foram aos poucos, substituídas por furgonetas.

Actualmente a actividade ainda existe mas o vendedor desloca-se numa moderna carrinha com caixa isotérmica com todas as condições de higiene, utilizando uma moderna balança electrónica.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Olá amigos
Usem a caixa abaixo para escrever a Vossa mensagem de forma correta e sucinta, tratando apenas um assunto em cada comentário (mensagem).
Obrigado
JJ Rodrigues